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Principais Desafios e Oportunidades da IA no Setor Jurídico

Heitor MirandaConsultor Jurídico Sênior
ResumoLeitura de 12 min

Descubra quais são os Principais Desafios e as principais Oportunidades que a inteligência artificial (IA) pode gerar para o setor Jurídico

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É preciso admitir que a inteligência artificial já chegou ao Jurídico – não como uma tendência abstrata, mas como um componente importante das ferramentas que escritórios e departamentos jurídicos usam no dia a dia. Na camada mais superficial, estamos “dialogando” rotineiramente com soluções de IA generativa, em busca de respostas mais rápidas e assertivas; em um nível mais sofistificado, há componentes distintos de IA funcionando nos bastidores das soluções de propósito geral (e.g., editores de texto) e específico (e.g., software de gestão processual) com promessas de ganho de eficiência. é preciso também entender a IA como oportunidade de fazer mais com menos, sem abrir mão da qualidade de entrega – uma demanda crescente na economia de hoje.

Mas há, então, os desafios. Se a inteligência artificial abre um leque de possibilidades para trabalharmos o universo de dados e informações que manejamos cotidianamente, ela também levanta questões importantes sobre responsabilidade, limitações técnicas e preocupações éticas. É crucial sopesar os desafios e oportunidades que a IA traz para o Jurídico

Antes de pensar em automação de tarefas ou análise preditiva, o jurídico precisa entender o que está em jogo: como essa tecnologia funciona, onde ela faz sentido e, principalmente, onde é preciso ter mais atenção. Além da pauta de inovação e eficiência, a discussão sobre IA exige um olhar estratégico e é exatamente isso que vamos explorar neste conteúdo.

Como a IA está entrando no setor jurídico?

Quem é do ramo do Direito já percebeu que os processos analógicos estão com seus dias contados. A digitalização de processos legais já vinha acontecendo há algum tempo – e o Brasil teve um certo pioneirismo nessa jornada –, mas o uso de inteligência artificial escalou ainda mais o processo de transformação digital. Manter documentos em repositórios digitais ou adotar sistemas de gestão de processos e contratos é o mínimo necessário: a real inovação consiste em utilizar recursos inteligentes que analisam e extraem dados, padronizam e automatizam processos, identificam em classificam riscos e, consequentemente, agilizam os processos de tomada de decisão.

Por exemplo, vemos que já existem soluções que incorporam IA no ciclo de revisão e gestão de acordos, permitindo que atividades relacionadas a contratos possam ser desempenhadas com mais agilidade (rapidez em localizar modelos), assertividade (extração de dados e informações precisos), com maior controle de riscos (análise do risco com base no histórico ou diretrizes documentados da organização) e padronização (sugestão de cláusulas com base em modelos previamente aprovados). 

Escritórios e departamentos jurídicos têm que lidar com alto volume de contratos ou prazos apertados porque o mundo corporativo hoje exige um padrão de alta produtividade, e é aí que a IA entra como grande aliada. Segundo o levantamento  “Panorama do Legal Operations no Brasil” publicado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) em 2025, profissionais do Direito vêm buscando trabalhar cada vez mais com soluções de IA generativa, automação de processos robóticos e chatbots e assistentes virtuais. Não é intenção de ninguém ver seu trabalho substituído pela tecnologia, mas sim apoiar o raciocínio jurídico com mais estrutura e menos tarefas repetitivas. A IA entra como um recurso que, quando bem implementado, ajuda a equipe a ter mais tempo e foco para lidar com questões estratégicas.

Principais desafios da inteligência artificial no Direito

A adoção de IA no setor jurídico é promissora, mas não está livre de obstáculos – e resistência a mudanças é o primeiro deles. Muitas equipes jurídicas ainda operam com métodos tradicionais e enxergam a tecnologia como uma ameaça, não como uma aliada. Esse tipo de barreira cultural freia a evolução e dificulta a integração de ferramentas que poderiam reduzir o esforço operacional e mantém o time obsoleto e despreparado para os desafios profissionais do futuro. Adaptar-se é fundamental. 

Outro ponto crítico para as organizações é a falta de dados estruturados. Para a IA funcionar precisamente, ela necessita de insumos claros, organizados e bem catalogados. Equipes jurídicas que mantém seus contratos e documentos de forma desestruturada, perdidos entre e-mails, pastas e planilhas, terão mais dificuldade de entregar o valor estratégico que hoje se exige do Jurídico. Automação exige organização, e o primeiro passo é “arrumar a casa”.

Além disso, há o desafio técnico de integrar essas soluções ao ecossistema já existente. Escritórios e departamentos jurídicos costumam se apegar a seus sistemas legados, e nem todos eles estão prontos para se integrar com as soluções de IA disponíveis hoje. Sem um nível adequado de integração, IA tende a virar mais uma falsa promessa para a organização. Uma boa alternativa pode ser migrar para um sistema de gestão que já incorpora funcionalidades de IA e entregue uma solução completa e descomplicada. 

Um conselho pertinente: antes de pensar na tecnologia em si, pense no problema a ser resolvido e na solução esperada. Entenda os fluxos de trabalho, identifique as oportunidades de melhoria e transformação digital e garanta que a estrutura da sua organização esteja preparada para e seja condizente com a solução que se pretende adotar. IA tem uma promessa poderosa de eficiência, mas exige organização de ideias e processos para funcionar bem. 

Questões éticas da IA no setor jurídico

Quando se fala em IA aplicada ao Direito, as dúvidas certamente não são apenas técnicas. Mais relevante são as questões éticas, que os advogados certamente não podem ignorar. No cerne desse debate, dentre outros questionamentos, há um debate muito sério: até que ponto podemos delegar nosso trabalho e nossos julgamentos a um algoritmo? Qual o limite, do ponto de visto de responsabilidade profissional, entre a automação dos processos decisórios e a responsabilização daqueles que operam a solução automatizada?

Refletindo sobre a amplitude do tema, um estudo realizado pela UNESCO em 2023 alerta que com o passar do tempo, os sistemas de IA têm o potencial de impactar a forma como os seres humanos vivenciam e exercem sua capacidade de agir no mundo. Esse cenário levanta preocupações adicionais sobre temas como a autocompreensão, as relações sociais, culturais e ambientais, além de questões relacionadas à autonomia, à capacidade de agir, aos valores e à dignidade humana. 

Nessa esteira, um dos principais dilemas éticos é o viés algorítmico. Se os dados usados para treinar uma IA carregam padrões distorcidos, ela tende a replicar esses desvios. Isso já foi identificado em sistemas internacionais usados para decisões judiciais, que apresentaram vieses raciais, a exemplo do caso do software COMPAS (Correctional Offender Management Profiling for Alternative Sanction) nos EUA. Considerando o tipo e grau de risco com o qual o Jurídico lida, estamos prontos para identificar e contornar esses vieses? Como evitar que o resultado do nosso trabalho compreenda incertezas ou até mesmo injustiças?

Não podemos deixar de repisar essas perguntas, e revalidar, constantemente, se estamos sendo éticos no exercício da função jurídica. Mas também não podemos esperar que esses dilemas estejam todos resolvidos antes de adotar IA. Nesse sentido, vale destacar que o  Supremo Tribunal Federal (STF) é precursor no uso de IA e atualmente, possui atualmente duas soluções baseadas em IA para auxiliar em suas atividades: o robô “Victor”, que é utilizado na análise de temas de repercussão geral na triagem de recursos recebidos de todo país, e o robô “Rafa”, cujo desenvolvimento objetiva integrar a Agenda 2030 da ONU ao STF, por meio da classificação dos processos de acordo com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) definidos pelas Nações Unidas. 

A verdade é que o uso de IA no Direito exige o mesmo cuidado ético que qualquer outro instrumento jurídico. Profissionais precisam estar atentos à qualidade dos dados, à transparência dos processos e à responsabilidade por cada etapa da análise. A tecnologia pode — e deve — ser usada com critério, sempre como apoio ao julgamento humano, e não como substituto. Por isso é muito importante ter cautela na hora de escolher qual sistemas com IA vão fazer parte do seu dia a dia no departamento jurídico ou no seu escritório.

Oportunidades reais com a implementação de IA no direito

Apesar da adoção recente, a IA já vem mostrando resultados práticos em escritórios e departamentos jurídicos. Um exemplo comum está na criação de documentos. Softwares que usam inteligência artificial para sugerir cláusulas com base em contratos anteriores ajudam a padronizar a linguagem e a acelerar a redação, sem comprometer a segurança jurídica.

Outro ganho claro está no controle das informações. Sistemas que monitoram contratos ativos, prazos de renovação e pendências evitam esquecimentos e reduzem o risco de multas ou eventuais descumprimentos. Quando integrados a ferramentas de gestão, como o IAM da Docusign, esses sistemas trazem uma melhor visibilidade ao jurídico e facilitam o acompanhamento do ciclo contratual na totalidade.

A análise de riscos também ganha agilidade. Ferramentas alimentadas com históricos de litígios ou falhas contratuais ajudam a prever possíveis pontos críticos em novos contratos, oferecendo ao jurídico dados que orientam decisões antes que os problemas ocorram.

Outra ferramenta importante que a IA pode ajudar é na geração de insights com os dados do contrato, O Docusign Navigator usa IA para transformar acordos não estruturados em dados organizados, permitindo buscas ágeis, acesso rápido a informações importantes e geração de insights, com controle de acesso ajustável pelos administradores.

Esses são apenas alguns exemplos de como a IA, quando bem implementada, contribui para tornar o trabalho jurídico mais ágil, preciso e estratégico — sem abrir mão da responsabilidade técnica que o setor exige.

Soluções de IA que estão transformando o setor jurídico

Em linhas gerais, as soluções de IA são tecnologias voltadas ao processamento de informações, integrando modelos e algoritmos capazes de aprender e executar tarefas cognitivas. Essas capacidades possibilitam resultados como previsões e tomadas de decisão em ambientes reais e virtuais. Projetados para operar com diferentes níveis de autonomia, os sistemas de IA utilizam modelagem, representação de conhecimento, análise de dados e identificação de correlações.

Com base nisso, a Docusign oferece ferramentas que já fazem parte do dia a dia de quem busca mais agilidade e precisão na gestão jurídica. O IAM (Intelligent Agreement Management) garante que apenas pessoas autorizadas acessem documentos sensíveis, o que ajuda a manter a conformidade e a segurança de dados desde o primeiro clique. Ajudando em todo o ciclo de vida de um documento, automatizando desde sua criação até sua conclusão.

O Navigator, um dos recursos do IAM, entra como apoio na organização e análise de contratos. Ele usa inteligência artificial para identificar cláusulas críticas, comparar versões e oferecer insights relevantes com base no conteúdo de cada documento.

Já o CLM (Contract Lifecycle Management) cuida do ciclo completo dos contratos integrando com todos os sistemas da empresa. Ele organiza os fluxos, centraliza versões e automatiza etapas como criação, revisão e acompanhamento. Com essas soluções, o trabalho manual dá lugar a processos mais claros e rastreáveis.

Como implementar IA com responsabilidade no setor jurídico

Adotar inteligência artificial exige planejamento e responsabilidade. O primeiro passo é avaliar os fornecedores, entendendo como os dados são tratados e se há garantia de uso ético dos algoritmos e segurança da informação.

Na sequência, vale envolver o Jurídico desde o início do projeto. Treinar as equipes, revisar processos e estabelecer diretrizes claras para o uso da IA ajudam a reduzir riscos e aumentar a confiança nas soluções adotadas.

Por fim, manter o monitoramento contínuo é essencial. A tecnologia evolui rápido, e acompanhar seu impacto no dia a dia evita distorções e reforça a governança da operação.

O que podemos esperar da IA no futuro do Direito

A expectativa é que a IA se torne cada vez mais integrada à rotina jurídica, especialmente nas tarefas que exigem precisão e repetição. A tendência é que ferramentas com base em dados passem a oferecer apoio analítico mais refinado, auxiliando nas tomadas de decisão e diminuindo a margem de erro.

Mas esse avanço traz responsabilidades. À medida que os sistemas ganham autonomia, cresce também a importância de manter os profissionais sempre no centro das decisões — com supervisão técnica, critérios bem definidos e compromisso com os princípios legais.

O equilíbrio como caminho: a Docusign pode te ajudar

O setor jurídico tem muito a ganhar com a automação. Mas esse ganho só é duradouro quando vem acompanhado de critério. É fundamental que a adoção de IA seja feita com clareza, considerando os impactos para as equipes, para os clientes e para a segurança das informações.

Tecnologia pode ser um diferencial, desde que usada com responsabilidade. O desafio, então, não é correr para adotar o que há de mais recente, mas, sim, fazer isso com foco em consistência e resultados sustentáveis.

Se você chegou até aqui nesse artigo, já percebeu que a inteligência artificial no Jurídico já não é um conceito distante; um exercício de futurologia. Mas para que essa tecnologia realmente entregue valor que dela se espera, é fundamental contar com ferramentas confiáveis, que aliem tecnologia, segurança e controle de ponta a ponta.

Com o CLM da Docusign, escritórios e departamentos jurídicos ganham autonomia para padronizar contratos, acompanhar versões e reduzir falhas operacionais. Já o IAM (Intelligent Agreement Management) garante a segurança e o acesso inteligente aos acordos, com rastreabilidade desde a primeira etapa.

Se você busca mais clareza, menos retrabalho e decisões mais estratégicas no dia a dia jurídico, esse é o momento de dar o próximo passo. Fale com um especialista da Docusign e veja como a IA pode trabalhar a favor do seu time.

Heitor MirandaConsultor Jurídico Sênior

Consultor jurídico sênior, apoio negócios de TI e digitais no Brasil, na América Latina e globalmente, com mais de 10 anos de experiência na área. Sou especialista em computação em nuvem, privacidade de dados, segurança da informação e questões relacionadas à propriedade intelectual, fornecendo aconselhamento jurídico em negociações, projetos e consultas de alta complexidade e alto valor.

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